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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Uma ótica do professor de balé

O grande prazer em ensinar dança aflora quando tornam-se perceptíveis mudanças nos corpos dos alunos, corpos outrora desajeitados e hesitantes, movendo-se agora com leveza e controle. Essa alegria evidencia-se também em seus olhos, na expressão iluminada de seus rostos, atingindo satisfação plena pelo esforço da disciplina diária, em ser cada vez melhor. Mas nem tudo é sempre uma festa. Quase nunca é magia.O ato de ensinar é uma tarefa tão complexa quanto o ato de aprender. Somente através do ensino aprende-se a ensinar. E não basta saber o quê ensinar, mas como ensinar, quando e, principalmente, a quem ensinar.Tratando-se de dança clássica, essa afirmativa torna-se algo ainda mais difícil, exigindo do bom professor uma gama de habilidades em diversas áreas do conhecimento. Novamente, ensinar não é apenas o sinônimo de dar aula. É muito mais.Em primeiro lugar, o bom professor de dança clássica deve ter vivido intensamente as experiências praticas daquilo que se propõe a ensinar: anos a fio de um correto treinamento técnico, assegurado dentro de uma metodologia clara e precisa de muitos anos, e vivência teatral como artista. Em segundo lugar, mas não menos importante, deve ter bom senso, tolerância e grande disposição para assimilar novos conhecimentos, reciclando-se e se tornando sempre atualizado quanto às mudanças na educação e no ensino da dança como forma de arte. Não creio que existam prescrições fixas a seguir. Utilizando-se de sua experiência como bailarino que foi, de sua sabedoria, além de ensinar o aluno a conquistar o seu próprio corpo, o professor lida com a transformação do ser humano e sua plenitude - física e espiritual -, um comprometimento mútuo na lapidação desse futuro artista, tendo sempre em mente o bailarino numa metamorfose abrangente, quase infinita... às vezes, impossível.Com os pré-requisitos necessários nas mãos (pernas endehors, boa extensão, flexibilidade, estabilidade, coordenação precisa de movimentos, perseverança e força) e respeitando as regras específicas para a maestria da técnica, a mecânica do movimento pode ser ensinada calculadamente: como saltar, como girar, e assim por diante. Mas, transformá-la em dança é outra história bem diferente, talvez o maior desafio para o professor. Pois se existe algo que o professor não pode ensinar, esse algo chama-se talento.Mais do que amor pelo movimento, que gera a energia de controle do próprio corpo e que o desperta para a sensibilidade rítmica e musical, devem-se abrir os caminhos às possibilidades desse talento, para que os alunos tomem consciência do seu verdadeiro sentido, elevando-o ao máximo de sua expressão artística.A visão de que nem todos têm a mesma capacidade de aprender tudo de uma só vez deve estar sempre presente na mente do professor. Com os olhos bem treinados, interesse em seus alunos e disposição de missionário, é dever do professor oferecer a seus alunos um ambiente propício ao desenvolvimento da disciplina, da concentração, confiança e respeito. Sem essa exposição, talvez a expressão artística que esteja potencializada no coração daquele aluno, ou de outro, jamais se manifeste abertamente. Jamais se torne realidade, para tornar-se novamente divina, no palco.
Por Jane Dickie

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