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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Eros Volúsia, a bailarina brasileira

A Bailarina que sambou nas pontas pela primeira vez...

Heros Volúsia Machado, nasceu no Rio de Janeiro em 1914. Filha do poeta Rodolfo Machado e da poetisa Gilka Machado, seus avós maternos Hortênsio da Gama Sousa Melo era poeta e a avó Teresa Cristina Muniz,atriz de rádio e teatro.

Bailarina que uniu balé clássico e ritmos brasileiros nos anos 30 e 40, Eros inspirava-se na natureza e na cultura do país, imprimindo na dança, de maneira pioneira, traços das raízes nacionais. Levou pela primeira vez ao mais tradicional reduto clássico do ballet, o palco do Teatro Municipal do Rio, nos anos 30, um bailado de apelo popular.

Fez tanto sucesso e era tão bonita que atraiu a atenção da revista americana "Life", sendo capa da edição de 22 de setembro de 1941. Até hoje, foi a única sul-americana a estampar a primeira página da conceituada publicação americana. A reportagem rendeu-lhe um convite da Metro Goldwyn Meyer,para participar de uma comédia da dupla Abbot e Costello, "Rio Rita", de 1942.

As danças místicas do candomblé, os rituais indígenas, o frevo, o maxixe e o maracatu foram algumas das fontes de pesquisa artística da bailarina. Professora do Serviço Nacional de Teatro, criou um curso de coreografia, que foi o primeiro curso de dança no Brasil a aceitar bailarinos negros.

Dançando o samba na ponta das sapatilhas, imprimindo ginga aos quadris e criando movimentos coreográficos sobre ritmos brasileiros como Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, Brejeiro, de Nazareth e Mignone, Eros Volúsia criou algo verdadeiramente novo, chamando a atençao de um público célebre. Carmen Miranda entrou no time dos admiradores e dela copiou os graciosos movimentos de braços que tornaram-se sua marca registrada.
Na França,ficou conhecida como La Muse Sacrée.
Eros Volúsia sintetizou com estas palavras a sua missão artística:

- Dei ao Brasil o que o Brasil não tinha, a "SUA" dança clássica.
Fonte: Portal Luis Nassif

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cronograma de Horários 4

Academia de Ballet Art Dance/ Araraquara


Sexta-feira,25/03

18h as 19h30m:Basico
19h30m as 21h :Intermediario/Avancado

Sabado,26/03

9h as 10h30m:Pre-intermediario

Os alunos interessados nas aulas particulares deverao agendar os horarios na secretaria da escola ate o dia 22/03.

Cronograma de Horários 3

Studio Arte e Movimento/ Santa Rita do Passa Quatro
Todas as Quartas nos seguintes horários:
14:00 -14:30 Personal Dancer
14:30 -15:00 Personal Dancer
15:00 -15:30 Personal Dancer
15:30 -16:00 Personal Dancer
16:00 -18:00 Ballet Avançado
18:00 -19:00 Grupo Infantil
19:00 -20:00 Grupo Juvenil

Cronograma de Horários 2

Escola de Ballet Corpo e Arte/ São Carlos
Próxima aula: 18/03/2011

18:00 ás 19:30 : Ballet intermediário
19:30 ás 21:30 : Ballet avançado

Cronograma de Horários 1

Conservatório Cacilda Becker/ Pirassununga

Segundas:
13:30 ás 15:30 Técnica Clássica 2 e 3
15:30 ás 16:30 Repertório 2 e 3
16:30 ás 18:30 Técnica Clássica 1

Terças:
13:30 ás 15:30 Técnica Clássica 2 e 3
15:30 ás 16:30 Aperfeiçoamento
17:30 ás 19:00 Tecnica Clássica 1

Quintas:
10:00 ás 13:00 Aperfeiçoamento
14:00 ás 15:30 Iniciação ao Repertório(alunas do intermediário)
15:30 ás 17:30 Corpo de Baile
17:30 ás 18:30 Repertório 1

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A nossa primeira PB


Madeleine Rosay, a primeira brasileira a receber o titulo de PRIMEIRA BAILARINA do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Formou-se na Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa) tendo como professores Maria Olenewa e Vaslav Veltchek. Aos quinze anos tornou-se primeira bailarina clássica e característica, sendo a primeira brasileira a ser nomeada para este cargo. Permaneceu no Corpo de Baile do Teatro Municipal de 1937 a 1945. Em 1949 assumiu a direção da Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal e também do Corpo de Baile do mesmo Teatro.
Sua atuação na Morte do Cisne foi considerada memorável. Como coreógrafa cria em 1953 o ballet Mancenilha com música de Villa-Lobos, elaborando um argumento místico e sertanejo característico das lendas sertanejas brasileiras. Este ballet foi dançado por Alicia Alonso e Igor Youskevitch no “American Ballet Theatre”. Madeleine introduziu no Brasil e exterior danças brasileiras estilizadas como frevos, candomblés, sambas, dentre outros.
Em 1937, foi designada por Bronislava Nijinska para fazer o papel da “boneca” em Petrouschka.
Participou como primeira bailarina das temporadas de 1939 e 1943, ocasião em que Yuco Lindberg criou para ela o ballet Felicidade.
Madeleine foi mais uma brasileira que encantou o mundo!
Fonte: Eedmo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mise-en-scéne


O Mise-en-Scène é tão importante que "o Balé Clássico, para transmitir uma narrativa, tradicionalmente vem recorrendo a representações mise-en-scène" segundo Lia Robatto. A narrativa do Balé Clássico advém fundamentalmente do Mise-en-Scène, pois os gestos codificados do Balé não passam nenhuma mensagem senão a beleza plástica. É o cenário palatino do "Lago dos Cisnes" em articulação com a melodia de Pyotr Tchaikovsky e com os figurinos plumados e régios que transmitem ao público todo o enredo da paixão do príncipe Seigfried pela princesa Odette que fora enfeitiçada pelo mago Rothbart e assume a forma de cisne branco durante o dia.

A plenitude narrativa desse espetáculo se desenvolve em função do Mise-en-Scène, o que para Robatto não passa de "um grande equívoco de linguagem", pois isso reduziria a dança a uma ilustração do Mise-en-Scéne, a uma espécie de legenda. Para Ela, "a linguagem da dança (...) independe de um conteúdo representativo. A dança expressa antes de tudo, a Idéia de Si Mesma, podendo, simultaneamente, conter outras idéias e transmitir mensagens". A estética seria a própria mensagem da dança e esta não necessitaria de uma temática segundo Robatto. Todavia, não se poderia compreender bem essa estética ou qualquer mensagem em torno dela sem a ajuda do Mise-en-scène, pois a sugestividade do signo gestual faz com que a interpretação da coreografia seja dúbia e é na amenização dessa dubialidade que atua o Mise-en-Scène, não como uma legenda tal qual propôs Lia Robatto, mas numa ação conjunta. A narrativa do espetáculo de dança só atinge profundidade e plenitude na articulação dessas linguagens: gestos e mise-en-scène narram as estórias desses espetáculos.

Fonte:Jorwiki

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Cisne Brasileiro, Bertha Rosanova

Bertha Rosanova
Bertha Rozenblat mais conhecida pelo seu nome artístico Bertha Rosanova (Santos, 31 de agosto de 1930 - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2008[1]) foi uma das maiores bailarinas brasileiras.

Bertha Rozenblat recebeu de D.Eugenia Feodorova o nome artístico Bertha Rosanova. Iniciou os estudos de ballet na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro criada por Maria Olenewa, aos oito anos de idade.

Revelando enorme precocidade, Bertha ingressou no Corpo de Baile Oficial do Teatro Municipal do Rio de Janeiro aos 13 anos e despontou como a primeira bailarina do Teatro Municipal aos 15 anos. Em 1959, dancou juntamente com Aldo Lotufo,o ballet “ O Lago dos Cisnes”, celebrando a primeira apresentação da versão completa da peça em todas as Américas. Bertha recebeu o título de primeira bailarina absoluta, título exclusivo de artistas considerados perfeitos, e inédito no ballet brasileiro.

Fonte: Wikpedia

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Tico-tico sem fubá

Nos anos 1940, o balé tentou incorporar elementos tipicamente nacionais à erudita arte russa...

Mais do que dançar, o Brasil precisa aprender a amar o balé. E, para isso, o público tem que se identificar com essa arte. É hora de ver representados os índios, negros e caboclos no palco, em temáticas genuinamente nacionais.

Este era o espírito do país nos anos 1940, quando o balé, já firmado por aqui, encontrava terreno fértil para sua difusão, e o nacionalismo atingia seu auge sob o Estado Novo de Getulio Vargas (1937-1945). Estava em curso uma espécie de fusão entre a arte erudita e a arte popular. Nessa experimentação, chegou-se a ver o chorinho “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu (1885-1935), dançado com sapatilhas de ponta pela primeira-bailarina do Theatro Municipal, Madeleine Rosay (1924-1996). E não foi um fato isolado: a bailarina Eros Volúsia (1914-2005) criou outra coreografia para a mesma música, apresentando-a nos espetáculos que fazia no Cassino Atlântico, em Copacabana. As duas chegaram a disputar a primazia da adaptação daquela canção popular para a dança clássica.

Eros Volúsia tinha a seu favor o fato de já investir havia muito tempo nesse tipo de trabalho, mostrando nos palcos do Rio danças típicas de outras regiões, como o frevo, o maracatu e o caboclinho de Pernambuco. Incansável pesquisadora de ritmos e danças nativos, ela desenvolveu uma percepção própria do que seria o “bailado brasileiro”.

A consolidação do balé no país ocorria desde o início do século. A partir da inauguração do Theatro Municipal (1909), diversas companhias estrangeiras passaram a se apresentar no Rio de Janeiro, como os Ballets Russes de Diaghilev, em 1913. Serge Diaghilev (1872-1929) foi um dos maiores diretores e produtores de balé do mundo, responsável pela revelação de grandes nomes da dança no Ocidente, como Vaslav Nijinski (1890-1950) e Anna Pavlova (1881-1931). Cinco anos depois, foi a vez de a própria Pavlova apresentar-se com sua companhia. Uma de suas bailarinas, Maria Olenewa (1896-1965), acabou se estabelecendo por aqui e foi responsável pela criação da primeira escola oficial de balé do país, a Escola de Bailados do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1927, hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, e pelo surgimento do corpo de baile desse teatro, em 1936.

Nas décadas seguintes, grupos como os Ballets Russes de Monte Carlo, o American Ballet e, especialmente, o Original Ballet Russe, que fez três grandes temporadas no Rio (1942, 1944 e 1946), encantaram o público carioca com obras famosas – entre elas, “O lago dos cisnes”, “Coppélia”, “Les sylphides”, “Petrouschka” e “Os presságios”. Em comum, essas companhias tinham o fato de serem herdeiras do padrão não só empresarial, mas sobretudo artístico, adotado por Diaghilev.

O intercâmbio provocou um crescente interesse pela arte do balé no Rio de Janeiro, e, sem dúvida, o padrão russo de dança cênica era o modelo a ser seguido. Por outro lado, o regime autoritário de Getulio Vargas, instaurado em 1937, investia fortemente na valorização de temas nacionais, política que influenciava também as linguagens artísticas. O corpo, em cena, abrasileirava-se, representando de forma estilizada figuras da cultura nacional, como o índio, o negro e o caboclo. Cabia à arte identificada como “erudita”, o balé, “traduzir” com seu refinamento as danças e figuras “populares”, para que elas pudessem ser apresentadas em palcos considerados nobres, como o do Theatro Municipal.

As iniciativas de “abrasileirar” o balé viveram um período de grande efervescência. Criavam-se espetáculos com temáticas, cenários, figurinos, músicas e, claro, bailarinos brasileiros. Mas sob o comando de estrangeiros, como Eugenia Feodorova (1925-2007), Tatiana Leskova (1922), Vaslav Veltchek (1896-1967) e Yuco Lindberg (1906-1948), entre outros.

O resultado dessa dupla influência era um balé mestiço, em que a técnica européia misturava-se com as danças e os temas populares nacionais. O espetáculo “Yara” foi um bom exemplo disso. Encenado em 1946 pelo Original Ballet Russe em sua última temporada no Rio de Janeiro, mesclava lendas amazônicas com a seca do Nordeste. A produção era caprichada: a partir de um argumento original do poeta Guilherme de Almeida (1890-1969), a coreografia e o libreto foram criados pelo tcheco Ivo Vania Psota (1908-1952) e a música, composta por Francisco Mignone (1897-1986). O balé contava ainda com cenários e figurinos assinados por Cândido Portinari (1903-1962). Embora encenado pela respeitada companhia russa, o espetáculo não foi uma unanimidade. Na revista O Cruzeiro, por exemplo, o crítico Accioly Neto considerou o tema impróprio “por mostrar as mazelas do país”, e a coreografia, “inexpressiva e pouco original”.

Antes de “Yara”, a cidade já vinha assistindo a outras iniciativas que incorporavam temas e danças brasileiros ao balé. Em 1939, na primeira temporada oficial do corpo de baile do Theatro Municipal, foi montado o espetáculo “Maracatu de Chico Rei”, inspirado nas histórias referentes à construção da Igreja do Rosário, a igreja dos pretos, em Vila Rica. O argumento original de Mário de Andrade foi coreografado por Maria Olenewa. Alguns anos depois, em 1943, foi a vez de os temas nordestinos invadirem o Municipal, como no espetáculo “Uma Festa na Roça”, musicado pelo paraibano José Siqueira e coreografado por Vaslav Veltchek. Apesar de algumas ressalvas em relação à coreografia, ambos foram bem recebidos pela crítica, que apontou a riqueza e a importância da temática nacional para os espetáculos de dança.

A popularização do balé era tema recorrente na imprensa especializada. O crítico e jornalista de dança Jaques Corseuil (1913-2000) escreveu várias reportagens sobre o assunto, nas quais defendia a necessidade de se realizarem políticas e ações culturais voltadas para essa arte. Tratava-se de aproveitar a contribuição trazida pela presença dos bailarinos estrangeiros no Rio de Janeiro, que, além de dançar, coreografavam e ministravam aulas aos bailarinos brasileiros. Em um de seus textos mais incisivos, publicado na revista Brasil Musical em novembro de 1944, o jornalista descreve o amplo apoio que a dança recebia em países como a Inglaterra, os Estados Unidos e a Argentina, lamentando que o mesmo não ocorresse no Brasil. Como exemplo, cita a tentativa do artista plástico Sansão Castello Branco (1920-1956) de montar uma companhia: a Pantomima Ballet. Segundo o crítico, aquele seria um “verdadeiro representante do ‘Ballet Brasileiro’”, pois, embora coreografado pelo bailarino polonês Yurek Shabelevski (1910-1993), o grupo era formado exclusivamente por brasileiros. Não privilegiar iniciativas assim, no seu entender, só prejudicava nossa dança, já que “nacionalismo [seria] aproveitar os que estão aqui para nosso benefício artístico. (...) Temos agora tantos aqui – e o que se faz? Nada”.

Dois anos depois, Jaques Corseuil trataria de entrar em ação, ele próprio, unindo-se a Sansão Castello Branco para fundar o Ballet da Juventude. Em seus dez anos de existência, a companhia teve várias formações e contou com diferentes diretores, mas sem abrir mão do objetivo de formar bailarinos brasileiros. Inicialmente patrocinado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela Federação Atlética de Estudantes (FAE), fez sua primeira apresentação em dezembro de 1945, por ocasião das comemorações de fim de ano dessas entidades, percorrendo depois, em 1946, várias cidades mineiras e paulistas – sempre nos períodos de folga dos bailarinos no Theatro Municipal.

A iniciativa do Ballet da Juventude sinaliza uma mudança de atitude em relação a como deveria ser o balé feito no Brasil. Terminada a guerra, findo o Estado Novo, o ideal nacionalista começava a perder espaço. O que realmente importava agora não eram tanto os temas retratados, mas sim a qualidade dos profissionais. A companhia de Corseuil privilegiava exatamente isso: a formação de jovens bailarinos brasileiros.

De qualquer forma, aquele primeiro objetivo – o de fazer o Brasil apreciar a arte do balé – virou realidade. Além disso, nas décadas seguintes, a dança difundiu-se no país, obtendo grande avanço no que diz respeito à qualidade dos nossos profissionais.

Creditos:
Beatriz Cerbino é professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autora do livro Nina Verchinina: um pensamento em movimento (Funarte/Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 2001).

Para Recordar...

MENINOS DE SAPATILHA

Piruetas contra o preconceito

Por Luciana Hidalgo


Talento, perseverança e glória

O amazonense Marcelo Mourão Gomes, 21 anos, é um dos bailarinos solistas do conceituado American Ballet Theater de Nova York. Filho de um advogado, Marcelo suou muito até chegar ao estrelato. Garoto de classe média, na infância chegou a sofrer discriminação na escola. Um professor fazia questão de frisar que não queria nenhum aluno 'dobrando a mão' por ali. Isso é passado. Hoje, consagrado, ele cultiva um desejo: criar no Brasil uma escola de balé para meninos, um passo a mais para vencer os preconceitos que rondam a profissão

Não é mais possível pensar em preconceito quando se fala de homem e balé. Isso é provinciano, principalmente num país como o Brasil, onde espetáculos populares de dança, como o Carnaval do Rio e o Festival do Boi de Parintins, no Amazonas, estão cheios de homens dançando. A mídia tem um papel importante para ajudar a acabar com isso.

Por ser o país do futebol, o preconceito no Brasil é mais visível, mas precisa ser superado. Sou parte dessa virada. Pensar que antigamente mulher não podia atuar no teatro, não podia ser atriz. É a mesma coisa com bailarino. Felizmente, vivo nos tempos de hoje, em que atuar não tem sexo. Conta apenas talento, dedicação e força de vontade.

Sempre me perguntam alguma coisa sobre preconceito. Só vivi uma situação quando tinha 12 anos e estudava na 6a série no Colégio Sagrado Coração de Maria, no Rio, onde cresci. A discriminação não era dos colegas, mas do professor de Educação Física. Ele vivia repetindo que não queria 'saber de ninguém quebrando a mão'. Meus pais foram chamados pela orientadora educacional, que sugeriu me levar a um psicólogo. Eles, como sempre, não deram ouvidos e acreditaram no meu potencial.

Tudo começou porque a minha mestra Dalal Achar havia enviado uma carta à escola solicitando que eu fosse dispensado das aulas de Educação Física. Naquela época, eu ensaiava cerca de seis horas diárias o balé 'A Floresta Amazônica', em que havia um personagem especialmente criado para mim. Acabei não fazendo Educação Física na escola porque Dalal mandou outra carta para a escola, desta vez com a concordância da Secretaria de Educação. Logo depois, fui estudar nos Estados Unidos e o balé virou prioridade de vida. Eu tinha 13 anos.

Eu me interessei pela dança quando ia buscar minha irmã na aula de balé, junto com a nossa querida babá, Noêmia. Logo depois, ingressei nesse mundo fantástico. Aos 7 anos, terminei uma redação sobre o tema 'O que eu quero ser quando crescer', com a seguinte frase: 'Sei que sempre, em algum lugar do mundo, haverá uma sapatilha me esperando'. Até hoje, tenho certeza da verdade contida naquela afirmação. Meus pais contam que desde pequeno eu dançava pelo apartamento ao som de vídeos da Xuxa e da Pequena Sereia.

Não posso dizer que a minha infância foi igual a das demais crianças. Fiquei durante anos almoçando dentro do carro ou do ônibus, no intervalo entre o colégio e a academia de dança. Noêmia cuidava para que eu não chegasse atrasado. O apoio dos meus pais e de toda a minha família foi fundamental para que eu tomasse a decisão de seguir carreira.

Aos 11 anos, fui a Buenos Aires participar do meu primeiro Cuballet [curso de verão promovido por bailarinos cubanos]. A viagem só foi possível graças à ajuda financeira de uma tia querida, pois meus pais não tinham condições de assumir todas as despesas. Para financiar meus estudos, mesmo como bolsista, em um conservatório na Flórida (EUA), meus pais venderam um imóvel, em Manaus.

Nos Estados Unidos, aprendi o conceito de 'ser o melhor'. Durante os quatro anos que passei lá, fui o melhor não só na dança como, também, no curso regular da escola americana. Eles investiram em mim e me prepararam para um concurso na Suíça, onde ganhei um prêmio em dinheiro e uma bolsa de estudos para a Escola Nacional da Ópera de Paris. Mais uma vez, meus pais ajudaram a me manter na França, onde fiquei de agosto de 1996 a maio de 1997. Foi uma época difícil, mas muito promissora.

Na escola, os estrangeiros não eram muito bem-vindos. Mas, depois de algum tempo, fiz amizades. A experiência foi inesquecível. Fui bailarino solista na festa de encerramento do curso -algo inédito para um estrangeiro. Com apenas 16 anos, foi uma emoção muito grande dançar na sede da Ópera de Paris e ser elogiado pelos críticos. Todo o sacrifício começava a ser recompensado. Em seguida, fui contratado pelo American Ballet Theater. Devido às apresentações com o ABT e meus contratos como convidado especial em outras companhias, já conheço grande parte do mundo.

Moro em Nova York, em um apartamento pequeno, mas charmoso, que tem até um jardinzinho. Minha vida é muito corrida, a vida pessoal não está em primeiro plano. Apesar de me dedicar inteiramente à dança, tenho uma vida amorosa ativa e feliz. Minha namorada, Adrienne, é bailarina e também está no American Ballet Theater. Nós nos entendemos perfeitamente.

No futuro, pretendo criar uma escola de balé para meninos, além de me apresentar, com a minha própria companhia, em todo o mundo. Ver brasileiros no balé clássico não é coisa de momento.'

Fotos: Dario Zalis/agradecimentos: Cia. Étnica de Dança e Teatro;
Revista MarieClaire

Todos os sonhos do mundo...

Todos os sonhos do mundo...
Por Benicia Marcantonio