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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre Preparação Física no Ballet

Achei este maravilhoso trabalho de pesquisa no site Conexaodanca.art.br
PREPARAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS DE DANÇA DE CURITIBA

Autor:Miriam Lamas Baiak
E-Mail:mlamasbaiak@yahoo.com.br



Este estudo realizado nas principais escolas de dança de Curitiba teve o objetivo de investigar como acontece o treinamento, principalmente, preparação física de bailarinos. Verificando a formação profissional dos professores e como este relacionam a preparação física com as aulas de técnica de ballet clássico.

Foram entrevistados, por meio de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas, 16 professores que atuam com o ensino do ballet clássico nas 7 principais escolas de dança de Curitiba. Apenas 3 profissionais citaram possuir formação acadêmica na área de dança; os 16 profissionais possuem cursos na área de ballet clássico; 7 professores possuem curso profissionalizante em ballet clássico; 1 não possui nenhum curso profissionalizante ou superior; 1 professor possui pós-graduação; e 1 professor possui mestrado.

Dos 16 professores, 14 responderam ser importante haver um trabalho de preparação física nos bailarinos, além das aulas de ballet; 2 responderam não ser importante. Mas, apenas 12 professores, correspondendo a 75% do total, responderam fazer esta preparação física.

Quanto a duração e a frequência das aulas de ballet clássico elas variam conforme o nível do aluno; podendo ser 1 à 5 vezes na semana, de 45 minutos à 2 horas. Em relação à preparação física apenas 8 professores responderam sobre a duração e a frequência desta aula; 1 professor faz a preparação física no final da aula ou em aulas especiais, 1 faz a preparação física 1 vez por semana com duração de 1 hora; 1 diz que a preparação física acontece durante a aula de técnica de ballet clássico; 3 professores fazem alongamento, 1 especificou que seria com a duração de 30 minutos, 2 professores trabalham com Pilates e 1 destes com exercícios de chão. E 1 professor citou o trabalhou de ginastas, onde o ballet clássico e a preparação física são feitos todos os dias com duração de 1 hora ambos.

Na questão onde foi pedido para numerar as capacidades físicas de acordo com sua ordem de importância, 1 professor numerou todas como igual valor e 1 professor numerou a flexibilidade como primeira e as outras com a mesma importância. Dos outros 14 professores que numeraram todas as capacidades físicas, em primeiro lugar ficou a flexibilidade com 50% das marcações, seguida pela coordenação com 42,85% e pela força com 7,15%. Em segundo lugar ficou a força com 35,71% das marcações, seguida pela flexibilidade com 28,57%, a coordenação com 21,42% e a resistência com 14,30%. Em terceiro lugar a coordenação com 35,71%, seguida pela força com 28,58%, a resistência com 21,42%, e a flexibilidade e a velocidade com 7,15% cada. Em quarto lugar a resistência com 57,14%, a força com 28,56%, e a flexibilidade e a velocidade com 7,15% cada. E em quinto lugar a velocidade com 85,72% das marcações, seguida pela flexibilidade e a resistência com 7, 14% cada.

Todas estas capacidades são trabalhadas igualmente em uma aula de ballet clássico, segundo 37,5% professores; 25% dos professores colocaram a coordenação, a flexibilidade e a força como as mais requisitadas; 18,75% dos professores a coordenação e a flexibilidade; 6,25% dos professores a força e a resistência; 6,25% a flexibilidade e 6,25% a coordenação e a velocidade, este último citando a velocidade como um fator determinante para um movimento ser de força ou resistência.

Quando questionado se há uma inter-relação entre preparação técnica e estratégica, 14 professores respondem que sim, 1 que não, e 1 responde que não faz preparação física.

O programa de treinamento em relação a metodologia de ensino dos conteúdos do ballet clássico de acordo com 4 professores é definido pelos níveis, 2 professores definem pelos níveis e pelo método, 1 pelo método e pelas orientações da coordenadora, 1 apenas pelo método, 1 pela metodologia que aprendeu na faculdade; 1 faz o programa bimestralmente, 1 semanalmente com metas, 1 faz diariamente; 1 programa o chão e barra; 1 o chão, a barra e o centro, 1 usa o chão como preparação física no começo ou no final da aula, e 1 professor programa primeiramente um plano com os conteúdos e uma metodologia para cada nível, com objetivos semanais, trabalhando na aula primeiramente o alongamento, seguido pelo aquecimento, técnica, trabalho de explosão e uma finalização.

Enfim, o programa de treinamento dos conteúdos do ballet clássico de acordo com os professores questionados é feito de acordo com o método (Vaganova, Royal, francês, entre outros) e o nível; propondo objetivos e conteúdos bimestrais, semanais ou diários; sendo que os exercícios podem ser de chão, barra e centro.

Os aspectos físicos, psicológicos, técnicos e táticos são abordados segundo 5 professores individualmente, respeitando o limite de cada aluno, com incentivo, respeito e estímulo, 1 que além desta atenção individual têm ajuda da coordenadora, 1 aborda individualmente de acordo com a faixa etária e o nível, 1 aborda o aspecto físico da turma e de cada individuo, incentivando no aspecto psicológico, , na técnica usa uma seqüência lógica de acordo com a dificuldade dos passos e movimentos e usa recursos lúdicos para o aspecto tático, 1 na técnica une o desenvolvimento psicomotor, a consciência corpora e espacial, o relacionamento inter-pessoal e a habilidade, 1 usa vários métodos e encoraja os alunos, 1 utiliza a relação um com os outros e com as aulas, tendo os aspectos físicos e psicológicos a todo instante e tática é usada para as apresentações, 1 através dos objetivos das aulas e de conversas no termino destas com os alunos, 1 apenas com os objetivos da aula, 1 coloca qu e as metodologias e os programas do ballet são muitos rigorosos e não pode haver mudanças, 1 cita as ginastas, que usam a técnica do ballet clássico, onde todos estes aspectos são feitos através de um rodízio diário, e 1 professor não respondeu a questão.

Em geral, todos os professores abordam a individualidade e incentivam seus alunos, respeitando seus limites no aspecto psicológico; o aspecto físico e técnico está presente sempre; o tático foi citado apenas por 2 professores, quando há apresentações e na utilização de recursos lúdicos. Apenas 1 professor considera as metodologias e programas do ballet clássico muito rígidas, não podendo haver mudanças.

Treze professores assinalaram que trabalham em uma equipe multidisciplinar, 1 que não, 1 trabalha das duas formas, e 1 não assinalou nenhuma opção, mas escreveu "só grupos". E 13 assinalaram que existe uma função definida para cada profissional, 2 que não existe, e 1 não respondeu. Quando questionado qual a função de cada profissional 3 professores não responderam, 4 deram uma resposta sem sentido à pergunta, 3 colocaram suas funções dentro da escola que é a de professor, coreógrafo e ensaiador, , 1 colocou que cada um tem a sua área, 1 que a função é de acordo com a disciplina e função, 1 que cada profissional leciona um estilo de dança, 1 escreveu os profissionais que fazem parte da ginástica, 1 colocou que a função de cada profissional é a de professor, coreógrafo e ensaiador, e 1 que há um coordenador, um diretor, professores e ensaiadores.

Nestas questões (9, 10 e 11) sobre equipe multidisciplinar e sobre a função de cada profissional houve muita divergência, podendo-se concluir apenas que no ballet clássico pode haver um professor, um coreógrafo e um ensaiador, sendo que uma pessoa pode fazer estas três funções. Não foi citado o profissional de preparação física para o ballet clássico, apenas para as ginastas.

Quando questionado a idade ideal para se começar o ballet clássico, 37,5% dos professores responderam que é aos 7 anos, 12,5% na faixa dos 3 aos 5 anos, 6,25% na faixa dos 3 aos 6 anos, 6,25% na faixa dos 2 aos 6 anos, 6,25% entre 4 e 5 anos, 6,25% aos 2 anos, 6,25% aos 3, 6,25% aos 5, 6,25% aos 8, e 6,25% respondeu que não existe uma idade ideal. Apenas 9 professores colocaram a idade para especialização, sendo que 33,34% colocaram apenas o nível que seria o intermediário, 11,11% que depende de cada aluno, 11,11% após a graduação, 11,11% colocou que seria aos 8 anos, 11,11% aos 8 ou 9, 11,11% aos 12, e 11,11% aos 17.

Então a média para se começar as aulas seria entre os 3 e 7 anos; mas segundo Achcar (1998) a idade ideal seria dos 7 aos 10 anos. A faixa etária para a especialização variou dos 8 anos ao termino da graduação, segundo os professores questionados, sendo que um deles respondeu que a especialização depende de cada aluno; considerando que cada indivíduo é resultado de sua genética, do meio em que vive e das tarefas que executa, está afirmação torna-se verdadeira.

Conclusão:

Nas escolas A, C, D, F e G onde mais de um professor respondeu o questionário, apenas na escola D encontramos uma relação recíproca entre as respostas dos professores, deduzindo-se que nesta escola há um trabalho realmente em equipe, com um planejamento de curso e metodologia de aula seguido por todos.

Analisando as respostas de cada professor, vemos algumas contradições; alguns acham importante que bailarinos façam preparação física, mas não fazem esta preparação, alguns responderam fazer, mas quando se pergunta quantas vezes por semana há aula de ballet clássico, preparação física e sua duração, respondem apenas a do ballet clássico. E na questão sobre a inter-relação entre a preparação técnica e estratégica dentro da preparação física, 14 professores respondem que tem está relação, mas apenas 12 professores haviam respondido fazer preparação física. Desta maneira, fica difícil saber qual resposta corresponde à realidade.

"O treinamento técnico consiste em fazer com que 'valores reais' (desempenho já obtido) atinjam 'valores ideais' (desempenho almejado = tipo motor ideal)" (WEINECK, 2003, p.540). Nesta afirmação vemos a preparação física e a preparação técnica; transferindo para o ballet clássico, os valores reais seriam a preparação física, a partir do qual podem-se alcançar os valores ideais da dança, isto é, a perfeição técnica (alta performance).

Através das respostas apresentadas podemos concluir que a preparação física no ballet clássico é apenas de força e alongamento, nenhum professor citou a resistência, sendo ainda que esta capacidade física foi considerada a menos trabalhada pela maioria dos professores juntamente com a velocidade, e na classificação de importância ficou em 4º lugar, na frente apenas da velocidade. Na maioria dos artigos sobre preparação física e ballet clássico, a resistência é o foco da pesquisa; e em vários estudos publicados, como os de ANNINO e cols (2007), BROWN e cols (2007), FRAÇÃO, Viviane e cols (1999), GUIDETTI e cols (2007), KOUTEDAKIS e cols (2008), SHAH (2008), SILVA e cols (2008) e WYON e cols (2007) mostram que a resistência é defasada no condicionamento de bailarinos e influência no menor rendimento da performance destes. Assim, podemos relacionar esta defasagem com a falta de importância que os profissionais da área dão ao trabalho da resistência.

Nesta pesquisa podemos perceber a falta de formação acadêmica dos professores em relação à própria dança e também a conhecimentos sobre treinamento; a maioria dos professores possui apenas cursos em ballet clássico, e estes cursos não oferecem conhecimentos específicos sobre didática, metodologia, psicologia, anatomia e fisiologia do exercício, por isto, que alguns não consideram importante um trabalho de preparação física paralelo ao trabalho de técnica da dança, e os que consideram importante não sabem como fazê-los.

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