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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A luta de uma bailarina contra o preconceito racial

Mercedes Baptista

Mercedes Baptista nasceu em 1921, no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, em uma família humilde que vivia do trabalho de sua mãe, a costureira Maria Ignácia da Silva. Ainda jovem, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, exercendo diversas atividades profissionais. Trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéus e como não podia fugir a regra de grande parte das meninas negras de seu tempo, foi empregada doméstica. Trabalhou, também, em bilheteria de cinema; quando podia, assistia aos filmes; neste período acalentava o sonho dos palcos. Mobilizada por realizar seu sonho, começou a dedicar-se a dança.
As primeiras lições de ballet clássico vieram em 1945. Três anos depois, ela decidiu participar do concurso para o ingresso no Corpo de Baile do Theatro Municipal. No livro de Melgaço, num dos depoimentos transcritos, ela conta que não teria sido avisada da data da prova das mulheres e acabou fazendo a prova com homens.
“Passou uma semana, e foi afixado um aviso:PROVA PARA O THEATRO.
Era o grupo de rapazes e só eu de mulher. Fiz a prova junto com os homens,como tinha facilidade para saltar, a prova do Veltchek(Vaslav) não foi difícil para mim”, disse, numa entrevista concedida em 1983.
Foi admitida, em 18 de março de 1948, como bailarina profissional do Corpo de Baile do Theatro Municipal, um marco na história da instituição.
Ela e Raul Soares tornaram-se os primeiros bailarinos negros a serem admitidos pela casa.
Cabe salientar que Mercedes Baptista foi iniciada no ballet clássico e dança folclórica, pela grande Eros Volúsia (bailarina que abrilhantou o Brasil através de suas coreografias inspiradas na cultura brasileira).
Embora fizesse parte do corpo de Baile do Teatro Municipal, teve poucas chances de atuar, pois raramente era escalada para as apresentações. Percebeu então um traço do preconceito. Enquanto mulher negra e artista sofreu discriminação, mas também aprendeu com os próprios passos e escolhas a criar mecanismos de superação.Buscou formas de valorizar a cultura brasileira, assim como lutou contra o preconceito que tentava inferiorizar a população negra ,trabalhando pela reafirmação do artista negro na dança.Com talento, perseverança e o uso da pesquisa enquanto instrumento/ferramenta, conseguiu magistralmente, embasar e aprofundar o conhecimento sobre as artes negras e suas origens e fomentando uma nova postura sobre a dança afro-brasileira.
Em finais da década de 1950 foi selecionada pela coreógrafa e antropóloga americana Katherine Dunham a conquistou uma bolsa de estudos em Nova York. Quando de sua volta para o Brasil, no Rio de Janeiro, funda o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Grupo formado por bailarinos negros que desenvolviam pesquisas e divulgava a cultura negra e afro-brasileiras, descortinando novos horizontes para a dança, introduzindo elementos afro na dança moderna brasileira,ganhando notoriedade e respeito.
Na década de 1960, Mercedes Baptista,atuou no G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, elaborando uma coreografia, para o tema O Quilombo dos Palmares, escolhido pela escola. As escolas de samba curvaram-se ao talento de Mercedes, pois foi ela quem idealizou as apresentações das escolas com alas coreografadas. Mercedes Baptista influenciou a dança em vários outros países, mas também teve consistência e prestígio para introduzir na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a disciplina dança afro-brasileira.
Seu legado é a valorização das culturas africanas e a introdução de elementos da dança afro a dança moderna brasileira, mas o maior deles é sem dúvida, seu exemplo de dignidade e superação.
Fonte: Wikipedia

3 comentários:

Cássia disse...

É uma história lindíssima, mas eu ainda quero estar viva para ver uma bailarina negra ser a protagonista de O lago dos cisnes, Giselle, A Bela Adormecida, La Bayadère...

Myrna disse...

Eu também Cássia! Aliás,formei uma bailarina lindíssima que possui todos os requisitos físicos para dançar os ballets de Auguste Bournonville.Falei para ela, que em outras vidas ela pertenceu ao Real Ballet da Dinamarca.Espero ter o privilégio de vê-la interpretando La Sylphide, toda de branco contrastando com a linda pele negra que ela tem.

Priscila Augusto disse...

Realmente é uma história muito linda mesmo!
eee sou eu...Priscila Auguste Bournonville,como vc mesma diz neh tia Myrna...rsrs'
Obrigada pelos elogios!ainda vou ter a honra de dançar La Sylphide e mostrar tudo que você sempre me ensinou,porque dançar vai além de cor,altura,físicos perfeitos...dançar é mostrar a arte que existe dentro de você,é fazer a diferença!:)

Todos os sonhos do mundo...

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Por Benicia Marcantonio